Irresponsabilidade e incompetência médica

Gravidez normal, pré-natal tranqüilo... tudo em ordem. Chega o dia e o bebê nasce. No hospital, tudo ocorre na mais perfeita normalidade. Prontuário ok e mãe e filho recebem alta. Em casa, a mãe, que por sorte não é leiga e nem de primeira viagem, logo percebe que algo não está bem: o bebê não evacuou. Ainda no mesmo dia, liga para o pediatra, que receita um supositório. Ao tentar colocar, a mãe repara que o bebê chora muito e o medicamento não entra até o fim. Imediatamente volta para o hospital. Com isso, já se passou um dia inteiro. Finalmente o diagnóstico: má formação intestinal, o bebê não tem a abertura do reto.
Isso aconteceu há alguns dias em Araruama, no considerado melhor hospital particular da cidade, o HC Lagos, e aos cuidados do Dr. André, também considerado um dos melhores pediatras da região. O bebê teve que ir imediatamente para um hospital no Rio de Janeiro, onde está até hoje, passando por cirurgias, hemodiálise e risco de vida. Isso porque, com a demora no diagnóstico, o intestino se encheu de fezes e teve diversas perfurações. A primeira cirurgia foi para retirar as fezes do organismo. A infecção causou parada no funcionamento dos rins. Além dos fortes medicamentos, a criança também tem que fazer hemodiálise, a pressão tem caídas vertiginosas, e o frágil corpinho está todo perfurado. Ainda corre risco de vida. Se passar por isso tudo, ainda terá mais duas etapas de cirurgia, até conseguir reconstruir o reto.
Tudo porque, não só por isso, mas principalmente por isso, não foi diagnosticado, nem pelo pediatra, nem pelo corpo de profissionais do hospital, que o bebê tinha essa má formação intestinal. O prontuário inclusive relatava que ele havia evacuado. Como, se o reto estava fechado?
É um absurdo o pouco caso, o relaxamento e a irresponsabilidade dos médicos e hospitais a que temos que nos submeter atualmente. E olha que estou falando de um hospital particular... Um simples detalhe, uma ínfima falta de atenção, pode pôr em risco a vida de uma pessoa. Como pode um lugar que cuida de vidas, que tem a missão de salvá-las, de curar enfermidades, agir assim, tão descuidadamente?